As aldeias indígenas Tekoá Itaty, Tekoá Yaka Porã e o Centro de Formação Tataendy Rupa, no Morro dos Cavalos, em Palhoça, foram alvo de atentados a tiros durante a madrugada do último domingo (19). Segundo as lideranças da comunidade ninguém ficou ferido, mas os disparos serviram para deixar o clima ainda mais tenso na região e tiveram motivação política.
“É um grupo muito bem organizado, porque os tiros aconteceram por volta da 1h30 nesses três pontos ao mesmo tempo. Pedimos aos Direitos Humanos, Polícia Civil, Federal, Ministério Público, Funai e a todas instâncias proteção. São inúmeros atentados já registrados desde que iniciou o processo demarcatório”, afirma Eunice Antunes, da liderança guarani do Morro dos Cavalos.
De acordo com ela, no dia 2 de novembro, também foi registrado um ataque. “O que fizemos hoje é montar uma segurança própria para defender nossa terra”, ressaltou. O grupo conta com a participação de voluntários e até índios de outras cidades que montam guarda durante a madrugada.
Pontos de vigia já foram organizados em locais estratégicos da aldeia. No domingo, um voluntário estava de plantão quando os tiros foram disparados em direção à Tekoá Yaka Porã, na Enseada de Brito. “O problema é o processo demarcatório. Estamos enfrentando isso há muito tempo. Desde 2012 ocorrem invasões. O problema se intensificou após uma audiência pública na Câmara de Vereadores, onde há um parlamentar que repassa informação distorcida sobre o caso. Uma semana antes da minha mãe ser atacada está mesma pessoa chamou a população para ser contra as demarcações de terra, fazendo o Morro dos Cavalos ser alvo”, descreve.
A fim de evitar novas ações contra o povo guarani, as vigílias serão intensificadas, principalmente nos finais de semana e vésperas de feriado, dias que ocorreram os conflitos. Para dar continuidade ao trabalho comunitário de segurança, uma campanha solicitando mais vigias, alimentos, doações financeiras e até cobertores e lanternas começou nesta semana. Conforme Eunice, a alimentação é prioridade junto dos cobertores, já que os plantões são restritos à madrugada. Ela antecipa também que as doações podem ser levadas nas aldeias Itaty e Yaka Porã ou na Câmara de Vereadores de Florianópolis