Foi encerrado na manhã desta sexta-feira (3) o mutirão “Terra Produtiva” em benefício a cerca de 500 famílias residentes na Aldeia Bororó. Esses grupos foram identificados em estado de vulnerabilidade alimentar e a partir de agora serão produtores na agricultura de subsistência.
A ação contou com parceria entre o poder público municipal, por meio das secretarias de Assistência Social e Agricultura Familiar, com a comunidade douradense, representada por associações, acadêmicos e técnicos da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Ministério Público Estadual, Embrapa e outros colaboradores.
CAPACITAÇÕES
Ao longo de 15 dias esses grupos tiveram capacitações junto a Embrapa e UFGD para aprender sobre o manejo com solo e ações ideais para o cultivo de subsistência. Além disso, a Secretaria de Agricultura Familiar em parceria com associações de produtores da área rural de Dourados, disponibilizaram máquinas e tratores para o preparo do solo.
Cada grupo familiar precisava ter ao menos meio hectare de terra para poder produzir, desta forma, durante os dias de preparo foram dedicados todo maquinário possível a fim de garantir as condições ideais do solo.
A indígena Elizandra da Silva, 29, contou que o projeto veio contribuir para a família dela — esposo e duas filhas — e a todos os moradores da reserva.
“Tenho um hectare lá em casa e estou pensando em plantar mandioca e banana. A abóbora eu já planto. Eu gostei dessa ideia porque ajuda muito a gente aqui na reserva”, disse.
Outra que ficou contente com o projeto foi a dona Felícia Vilhalba. Ela contou que há alguns dias as máquinas parceiras do mutirão foram na casa dela e deixaram todo o solo preparado. Lá moram ela e outras seis pessoas, e além de contribuir para as refeições diárias, o projeto vai complementar também a renda da família.
“É bom pra minha família porque vai vir nos ajudar mais. Eu planto várias coisas e agora vou conseguir completar minha renda porque esse é o meu salário. Estamos pensando em plantar agora mandioca, milho, batata e abóbora”, disse.
ASSITÊNCIA SOCIAL
Para o secretário de Assistência Social Landmark Ferreira Rios, o projeto virá influenciar diretamente na redução dos índices de desnutrição na comunidade indígena.
“Nosso olhar como assistente social é visando o combate a desnutrição e a segurança alimentar, promovendo cidadania e dignidade para essas famílias”, afirmou.
Ele avalia que esse tipo de ação ressalta o potencial produtivo da terra indígena além de promover uma atenção especial a essas famílias.
AGRICULTURA FAMILIAR
O secretário de agricultura familiar Marcos Roberto Soares, o Marcão da Sepriva, explicou que o projeto nasceu no ano passado e de lá pra cá vem sendo estruturado a fim de garantir que “o pequeno agricultor indígena tenha seu sustento na porta de casa”.
“Nós viemos para incentivar esse pequeno produtor a crescer na agricultura. Dentro dessa ação nós ampliamos o projeto Comunidade em Ação, onde os produtores das associações vieram contribuir para realização dessas atividades. Agora essas famílias terão garantido os melhores alimentos diariamente em suas mesas”, explicou.
A prefeita Délia Razuk (PR) esteve no local e contou que um dos grandes benefícios do mutirão é a desmistificação de que o índio não produz.
“O índio ama a terra, ele quer tirar da terra seu sustento. São pessoas que trabalham, algumas famílias que se encontram em vulnerabilidade, mas a solidariedade da comunidade douradense veio hoje para mudar essa realidade”, disse a prefeita.
Agora, segundo organizadores de projeto, essas famílias continuarão sendo acompanhadas para garantir que a produção seja qualificada e eficiente aos objetivos esperados, principalmente no fator da desnutrição dentro das comunidades indígenas de Dourados.
Douradosnews