Doença misteriosa faz vitimas em aldeias indígenas e preocupa lideranças

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Uma das famílias atingidas foi a do Cacique Léo da aldeia Takuara. Sua esposa, dona Joelma perdeu o pai e em seguida o casal perdeu um filho de 30 anos -

Lideranças indígenas nos municípios de Santarém e Belterra, no oeste do Pará, estão preocupados com os frequentes casos de mortes ocorridos em aldeias indígenas. Segundo relatos de moradores só na aldeia Takuara, localizada na Floresta Nacional do Tapajós, foram 11 mortes em sete meses. Outros casos também foram registrados em outras comunidades, como por exemplo, Aramanaí.  As vítimas apresentam sintomas como dor de cabeça, vômitos, manchas no corpo e a morte em poucos dias. Muitos cobram providências da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e demais órgãos ligados à Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.

Segundo Caetano Scannavino, coordenador do projeto social Saúde e Alegria, que relatou o problema nas redes sociais, as pessoas estão em pânico, sem saber o qual seria esta doença misteriosa que vem dizimando famílias na Flona. Uma das famílias atingidas foi a do Cacique Léo da aldeia Takuara. Sua esposa, dona Joelma perdeu o pai e em seguida o casal perdeu um filho de 30 anos. A família alega que ambos morreram após sentirem os mesmos sintomas, embora o atestado de óbito do idoso em questão tenha apontado a causa da morte por um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A doença misteriosa tem atingido somente adultos e a maioria dos casos ocorreram no período de outubro de 2017 a abril de 2018. “Estamos passando as informações que eles nos repassaram. Não somos médicos e nem profissionais da saúde. Quando você perde um parente você fica sem a capacidade técnica de entender o que está acontecendo. Em Belterra se falou que poderia ser Meningite, em Santarém atribuíram a situação a problema vascular. O fato é que 11 pessoas morreram e as causas ainda não ficaram claras”.

Os índios acreditam que a origem da doença pode estar relacionada à água contaminada. Caetano destaca que as autoridades precisam mobilizar-se e saber a real causa das mortes e se elas estão de fato relacionadas com alguma doença.  “Acham que a origem de tudo está na água, por isso aguardam pelo final das obras do sistema de abastecimento que estamos implantando. Mas só isso não basta, é preciso investigar mais. Se estamos diante de um surto ou algo desconhecido ou situações coincidentes que não se repetirão com a mesma frequência, o fato é que providências precisam ser tomadas, ao menos uma visita das equipes de saúde à Aldeia para esclarecer o que está ocorrendo, orientar o que fazer, como se prevenir. Aproveitamos aqui para colocar o Projeto Saúde e Alegria à disposição das SEMSA, SESAI e outros órgãos competentes para apoiar no que for de nosso alcance”.

A hipótese levantada é de que os casos possam ser de meningite meningocócica, que é um tipo raro de meningite bacteriana, causada pela bactéria Neisseria Meningitidis, que provoca uma inflamação grave das membranas que cobrem o cérebro, gerando sintomas como febre muito alta, dor de cabeça forte e náuseas, por exemplo. A doença tem cura, mas precisa ser diagnosticada logo no início para evitar sequelas. Ela pode ser prevenida também por meio de vacinação.

Outra hipótese seria a febre maculosa que é uma infecção causada pela bactéria Rickettsia rickettsii após a picada de um carrapato. Geralmente, a febre maculosa é mais comum durante os meses de junho a outubro, pois é quando os carrapatos estão mais ativos, sendo necessário estar em contato com o carrapato entre 6 a 10 horas. A febre maculosa tem cura, mas seu tratamento deve ser iniciado com antibióticos após o surgimento dos primeiros sintomas para evitar complicações graves, como inflamação do cérebro, paralisia, insuficiência respiratória ou insuficiência renal, que podem colocar em perigo a vida do paciente.

Para Gilson Tupinambá, liderança indígena que atua na Sesai, a situação deve ser comunicada para o órgão e que as equipes técnicas devem fazer um levantamento da situação para tentar identificar se as mortes possuem relação ou não com estas doenças. “Estamos preocupados e vamos em busca de soluções para identificar a origem dos problemas e quais medidas podemos tomar. Vamos avaliar uma logística para atuar na região e esclarecer estes fatos o mais rápido possível”, conclui Gilson

 

Fonte: www.oestadonet.com.br

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