Cartilhas com informações eleitorais traduzidas para a línguas dos povos indígenas do Tocantins foi lançada pelo Tribunal Regional Eleitoral nesta segunda-feira (24). O projeto começou a ser desenvolvido em 2017 e pretende dar maior conscientização política às tribos, além de integrar as etnias ao processo eleitoral.
As cartilhas falam sobre organização e educação política, levando informações sobre processo eleitoral, voto consciente e crimes eleitorais, por exemplo. O conteúdo foi traduzido para as quatro línguas mães dos indígenas que vivem no estado: povos Meri, Yny, Panhi e Akwê, que correspondem às etnias Kraô, Xerente, Apinajé e Karajá /Javaé/Xambioá.
Segundo o juiz eleitoral Wellington Magalhães, que coordenou o projeto, quase cinco mil eleitores indígenas moram em aldeias no estado.“Uma reivindicação das comunidades foi ter informações mais simples e acessíveis para que pudessem compreender melhor o processo eleitoral.”
O juiz conta que o projeto Inclusão Sociopolítica das Comunidades Indígenas do Tocantins começou em novembro de 2017. Depois disso foram feitas reuniões e visitas a todas as aldeias do Tocantins.
Também foram realizadas palestras sobre a importância da inclusão e participação dos indígenas no processo eleitoral. “A cartilha é uma ação concretizada de um projeto que visa continuar nos próximos anos. Com essa cartilha a gente pretende romper com essa barreira da língua”, explicou.
As cartilhas serão lançadas na tarde desta segunda-feira (24) na sede do TRE, em Palmas. Ainda segundo o juiz eleitoral, um grande desafio na realização do projeto foi a tradução dos conteúdos. Para isso foi necessário o trabalho de professores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e antropólogos.
“Esse profissionais foram para dentro das comunidades vivenciar o dia a dia e discutir conceitos. Porque há conceitos que no português são muito simples para nós, mas não têm um termo correspondente que represente o mesmo significado para o idioma nativo.”
As cartilhas serão levadas às aldeias até o fim deste mês de setembro. O projeto desenvolvido pelo TRE, inclusive, está participando do Prêmio Innovare, que premia ações do sistema judicial do Brasil.