A presidente da Assembleia Geral da ONU, Maria Fernanda Espinosa, anunciou na quinta-feira (25) os vencedores de 2018 dos Prêmio das Nações Unidas de Direitos Humanos. Entre eles, está a brasileira Joênia Batista de Carvalho, conhecida por Joênia Wapichana. Defensora dos direitos humanos das comunidades indígenas, ela foi a primeira mulher indígena a se tornar advogada no país e, este ano, foi eleita deputada federal.
Em entrevista, Joênia disse acreditar que o prêmio dará mais visibilidade aos povos indígenas. “Vai fazer com que o mundo preste atenção que os povos indígenas são detentores de direitos, que têm seus valores, não somente aquele olhar de cobiça para as terras indígenas”, declarou.
“São cidadãos, pessoas que querem fazer parte da tomada de decisões de muitos processos que estão sendo discutidos dentro dos países, são defensores de direitos, de conhecimentos, de vários saberes. A gente vai fazer também com que as crianças possam viver este exemplo. E eu entendo que este reconhecimento vai servir também para nos proteger”, declarou
A ativista é da comunidade Wapichana, do leste de Roraima. Após defender um caso de disputa de terras na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Joênia também se tornou a primeira advogada indígena a comparecer perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2013, foi nomeada primeira presidente da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.
“Quando eu levo a palavra como primeira mulher indígena formada no Brasil, é justamente para dar um incentivo, para que essa minha imagem possa ser reproduzida, multiplicada dentro dos povos indígenas”, declarou.
“Infelizmente, ainda é pouco, são poucas as mulheres que são visualizadas, porque eu acredito que existem muitas delas, igual a mim, que estão se esforçando, que estão defendendo os direitos, que são guerreiras, eu conheço várias delas, que fazem um trabalho brilhante, muito antes de mim até. Mas que não são vistas ainda pela mídia, reconhecidas, e este prêmio da ONU, eu vou até dedicar a todas as mulheres indígenas, que já fazem este trabalho.”
Outros vencedores do Prêmio de Direitos Humanos de 2018 são a ativista de direitos humanos de mulheres e meninas da Tânzania Rebeca Gyumi e a organização irlandesa Front Line Defenders. A quarta premiada foi a advogada de direitos humanos Asma Jahangir, do Paquistão, que recebeu título póstumo. Ela morreu em fevereiro de 2018.
O Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas é concedido a pessoas e organizações pelas suas conquistas em direitos humanos. De acordo com a ONU, o prêmio é uma oportunidade de “enviar uma mensagem clara aos defensores dos direitos humanos em todo o mundo de que a comunidade internacional agradece e apoia seus esforços para promover todos os direitos humanos para todos”.
Entre os vencedores de anos anteriores estão nomes como os de Martin Luther King, Nelson Mandela, Malala Yusafzai, as organizações Anistia Internacional e Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Criado pela Assembleia Geral da ONU em 1966, o prêmio está em sua décima edição, que coincide com o aniversário dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Os vencedores são escolhidos por um comitê especial formado pela presidente da Assembleia Geral, o presidente do Conselho Econômico e Social da ONU, o presidente do Conselho de Direitos Humanos, entre outros.
Para o prêmio deste ano, foram recebidas mais de 300 candidaturas de diversas áreas, incluindo Estados-membros, organizações da ONU e da sociedade civil. A entrega do prêmio acontecerá em dezembro, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. A cerimônia fará parte das comemorações do Dia dos Direitos Humanos.
Com informações nacoesunidas.org