Aldeia indígena enfrenta ameaça existencial por tragédia de Brumadinho

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Aldeia Pataxó recebe carregamento de água potável

Quilômetros correnteza abaixo a partir de onde uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG) se rompeu na sexta-feira, deixando dezenas de mortos e quase 300 desaparecidos, uma pequena aldeia indígena enfrenta dúvidas sobre sua própria existência, uma vez que o rio do qual sua vida depende está poluído pelos detritos de mineração.

Os peixes do rio Paraopeba são a principal fonte de alimento dos membros da tribo Pataxó Hã-hã-Hãe, que vivem no final de uma estrada de terra sinuosa. Os moradores do vilarejo também se banham e lavam as roupas em suas águas.

Mas depois que uma barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão estourou, soterrando comunidades e transformando as águas antes claras do rio em um fluxo marrom barrento, os cerca de 80 moradores da aldeia Pataxó Hã-hã-Hãe de Naô Xohã dizem que temem ser forçados a retirar suas famílias.

Embora nenhum Pataxó Hã-hã-Hãe esteja, até o momento, entre os 99 mortos confirmados até agora (01) ou os 276 desaparecidos, eles receiam que o desastre possa ser o fim de seu estilo de vida.

“Na quinta-feira eu estava aqui lavando minhas roupas, banhando meus filhos, e agora não posso nem tocar no rio”, disse Sot de Ionara, contendo as lágrimas. “Nossos corações estão muito tristes por saberem que nada pode ser feito”.

O sofrimento dos Pataxó Hã-hã-Hãe coincide com o momento em que o atual governo sinaliza que quer eliminar os regulamentos para a mineração e reduzir as proteções de que as comunidades indígenas desfrutam atualmente. Para os críticos, o rompimento da barragem revela os riscos dessas diretrizes.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse estar comprometida a ajudar a aldeira Naô Xohã garantindo o suprimento de água potável, entre outras medidas. Mas a confiança nas autoridades é baixa após a tragédia.

“Você acha que uma mineradora qualquer se preocupa com isso? Você acha que um prefeito qualquer se preocupa com esta área?”, indagou Sot de Aigoho. “Eles só amam o dinheiro – e a mineração”.

 

Redação/Rádio Terena

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