A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, viajou a Brumadinho (MG) na manhã desta quinta-feira (7) e pediu atenção especial aos indígenas afetados pelo rompimento da barragem de rejeitos da Vale. Uma tribo de índios pataxós se estabeleceu na região próxima ao rio Paraopeba há cerca de dois anos e depende da água fluvial para seu sustento. Devido à chegada da lama de rejeitos, o trecho do Paraopeba perto da tribo está impróprio para uso, e há possibilidade de estar contaminado por metais pesados.
“Não houve vítimas fatais, porém, os indígenas estão sendo afetados, considerando que o rio foi contaminado e eles dependem dele para sobreviver”, afirmou a ministra, em nota divulgada após reunião com o prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos (PV). No Córrego do Feijão, Damares disse que também pediu atenção especial a templos religiosos e terreiros de candomblé destruídos na tragédia, assim como escolas.
“Estamos sendo duros com a Vale, que isso fique bem claro. O governo federal está acompanhando de perto e esse ministério vai acompanhar os desdobramentos e as cobranças serão feitas”, falou. Quanto à doação de R$ 100 mil da Vale a familiares de vítimas fatais na tragédia, Damares pediu que se tenha o cuidado de, ao assinar o recebimento do valor, não declarar que dá por encerrado qualquer tipo de indenização ou pedido de reparação de danos.
“O ministério vai fazer uma cabana neste local acompanhando todos os desdobramentos”, concluiu. Também estiveram presentes representantes da Vale e a secretária de Desenvolvimento Social do estado de Minas Gerais, Elizabeth Jucá, entre integrantes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. A previsão inicial era de que Damares Alves fizesse um sobrevoo de helicóptero nas áreas atingidas, mas a iniciativa teve de ser cancelada devido ao mau tempo – esta semana tem sido chuvosa no município, inclusive com tempestades.
A ministra, então, se dirigiu de carro ao bairro do Córrego do Feijão, um dos mais afetados pela avalanche de lama. No local, deverá conversar com moradores. Embora não haja tribos indígenas e quilombos naquela área, os respectivos povos tradicionais deverão se deslocar até lá para se encontrar com Damares, informou a assessoria do ministério.
À noite, Damares seguirá para Belo Horizonte para se encontrar com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Após reorganização administrativa da Esplanada no início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministério sob comando de Damares ficou responsável pela Funai (Fundação Nacional do Índio), antes sob a batuta do Ministério da Justiça. A transferência não foi de agrado de todos as etnias indígenas.