UNESCO celebra diversidade da poesia indígena em dia mundial

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Em mensagem para o Dia Mundial da Poesia, comemorado ontem 21 de março, a UNESCO celebrou a diversidade dos versos escritos por povos indígenas e originários de todas as partes do mundo. Para a diretora-geral da agência da ONU, Audrey Azoulay, a poesia indígena mostra “o seu papel poderoso no combate à marginalização e à injustiça”.

“A poesia é importante para a preservação de línguas frequentemente em perigo, bem como para a manutenção da diversidade linguística e cultural”, afirmou a dirigente em mensagem para a data.

Audrey lembrou que 2019 é o Ano Internacional das Línguas Indígenas, um marco liderado pela UNESCO com o intuito de mobilizar a comunidade internacional em prol da preservação das culturas, conhecimentos e direitos dos povos indígenas.

“Como parte de nossos esforços para preservar tradições vivas, a UNESCO incluiu um conjunto de formas poéticas na Lista Representativa do Patrimônio Intangível da Humanidade, como os cantos Hudhud das Filipinas, a tradição oral Mapoyo da Venezuela, as preces cantadas Eshuva e Harákmbut do Peru e a tradição oral Koogere de Uganda”, explicou a chefe da UNESCO.

“Cada forma de poesia é única, mas cada uma reflete o (que há de) universal na experiência humana, a aspiração à criatividade que atravessa todas as fronteiras do tempo e do espaço, na afirmação constante da humanidade como uma única família. Esse é o poder da poesia”, concluiu Audrey.

Em sua mensagem, a dirigente citou uma poesia de Wayne Keon, integrante da Primeira Nação de Nipissing, um povo indígena do Canadá. Confira um trecho da obra abaixo:

tome a lua
e tome uma estrela
quando você não
sabe quem você é
pinte a imagem na sua mão
e vá para casa
[…]
tome a lua
e faça-a falar
retire a sua alma
faça-a andar
pinte a imagem na sua mão
e vá para casa

De “Uivando para a lua”, de Wayne Keon (tradução livre)

Na visão de Audrey, o texto “é um comentário sobre a apropriação indevida da cultura indígena por outras culturas dominantes”. “O poema fala da perda da identidade nativa devido à sua reinterpretação por forasteiros, mesmo que bem-intencionados, e da confusão do próprio autor sobre sua identidade, como resultado disso”, destacou a dirigente da agência da ONU.

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