Aldeia Urbana Água Bonita se transforma com ações do Estado e empenho da comunidade

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A presença do Poder Público pode e deve promover transformações da vida das pessoas e foi com esse objetivo que o projeto encabeçado pela Agência de Habitação Popular (Agehab), junto com o Governo Federal e município, criou frentes de trabalho para resgatar vidas e recontar histórias da comunidade indígena da Aldeia Urbana Água Bonita, em Campo Grande.
A engrenagem ganha mais impulso quando pessoas atendidas enxergam novas possibilidades para vida. No roteiro da Água Bonita, que iniciou-se em setembro do ano passado com o planejamento da construção de 79 moradias pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), ramificações foram ganhando força e, atualmente, também está presente nas áreas de atendimento social às famílias indígenas, na formação profissional dos adultos e na parceria para criar alternativas que garantem a subsistência da comunidade.

Fotos: Edemir Rodrigues

O carro-chefe deste novo panorama é a horta agroecológica que vem sendo cultivada há seis anos. No comando, o terena Auder Romeiro Larreia coordena com maestria o plantio das mudas de hortaliças, tubérculos e frutas, mas a engenhosidade do responsável pelos quatro hectares de plantio não se limita a lavoura. Auder tem o hábito de inventar meios para ampliar forma de ganhos de alimento e renda, praticando novas culturas.
“Fico diariamente pensando em maneiras para tornar o nosso projeto mais atraente para os demais moradores daqui. Quando um problema aparece, tento resolver”, disse o terena.
O objetivo desta dedicação, segundo ele, é mostrar que é possível fazer e que basta a vontade. “Eu vou fazendo para mostrar que é possível, quero que mais pessoas venham trabalhar na horta, sei que mais unidos, mais forças teremos para garantir uma vida digna aqui na aldeia”.
Inventor
Com alma de inventor e uma mente inquieta, Auder fica avaliando os problemas que surgem na lavoura e buscando soluções. Além disso, ele ainda busca inspiração para criar outras possibilidade e foi desta forma que ele criou espaço para cinco galinheiros e um tanque de criação de tilápias.

Fotos: Edemir Rodrigues

Nos poleiros, galinha carijó, pescoço pelado, branca de corte e poedeira. A criação mais rentável para os indígenas é a ave de corte que, mensalmente alcança abate de 200 animais por galinheiro. Numa conta rápida, o terena explica que o investimento para cada galinha é de R$ 12, e abatido vende por R$ 20, o que dá para o criador um lucro de 65% em média.

Fotos: Edemir Rodrigues

As invenções não param por aí. Ele idealizou um tanque para a criação de tilápia. Um caixa d´água de 3 mil litros, com compressor feito do motor de uma máquina de lavar e filtro artesanal construído com tapete, fibra de vidro, carvão vegetal, pedras e cerâmica dão fluência ao projeto de criar peixes para consumo e para o comércio. “Em seis meses vamos ter 350 kg de pescado para consumo e revenda”, contou, dizendo que o tanque pode ser construído com investimento de apenas R$ 300.

Incansável, o inventor ainda está testando uma forma de gerar energia para rodar o compressor do filtro do tanque. Num pedaço de pau de cerca de 3 metros, Auder instalou pás de ventilador para captar eletricidade por meio do vento e está colocando em prática mais esse projeto, geração de energia eólica. “Desta forma a gente economiza muito na demanda que temos que usar para manter o tanque com oxigênio necessário para o desenvolvimento dos peixes”. 

No final da lista das criações, encontramos o sistema de irrigação da lavoura. Com uma extensa mangueira ligada ao tanque e outra fonte de água, o terena reutiliza a água, mantém a sustentabilidade do projeto e ainda promove o cuidado com o meio ambiente, sem esquecer das culturas e criações que já são fonte de alimento e renda para os centena de índios das etnias Guató, Kadiwéu, Terena, Guarani e Kinikinau. da Aldeia Urbana Água Bonita.

 

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