Indígenas fazem Nike cancelar lançamento de tênis por uso de símbolo ancestral

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A Nike cancelou o lançamento de um novo modelo de sapatilhas após protestos de indígenas do Panamá pelo suposto uso de um símbolo artístico ancestral da etnia Guna.

“Pedimos desculpas pela representação incorreta da origem do desenho do Nike Air Force 1 Porto Rico. Como resultado, este produto já não estará disponível”, informou um porta-voz da Nike à AFP, esta terça-feira.

Os indígenas guna do Panamá ficaram furiosos com a multinacional americana pelo suposto uso do símbolo ancestral no modelo de calcçado que seria lançado no mercado no mês junho, e exigiram uma indemnização.

A polémica surgiu porque Nike fez uma edição especial deste modelo de sapatilha para Porto Rico com um desenho muito parecido com uma mola, uma arte ancestral dos indígenas guna do Panamá e da Colômbia.

Nike Air Force 1 Porto Rico,  modelo de sapatilhas da Nike
Nike Air Force 1 Porto Rico, modelo de sapatilhas da Nike

“Já houve um dano porque foi utilizado o nosso desenho, que faz parte da espiritualidade do povo guna. Portanto, a empresa (Nike) tem que nos indemnizar, porque foi uma cópia ilegal dos nossos desenhos. Já enviamos uma nota de protesto à empresa Nike…”, afirmou o advogado dos guna, Aresio Valiente, à imprensa.

Os guna são uma etnia indígena que vive principalmente no Panamá e no território colombiano.

No Panamá, vivem principalmente na reserva indígena de Guna Yala, onde se dedicam à pesca, à agricultura, ao artesanato e ao turismo.

“A mola é como uma bandeira para os gunas, realmente há toda uma identidade cultural que se articula em redor da mola. É um elemento identitário muito forte”, disse à AFP a professora de antropologia social na Universidade de Barcelona, Mónica Martínez.

Os gunas afirmam que a lei do Panamá reconhece a mola como propriedade intelectual deles, portanto exigem que a Nike os compense por utilizar o desenho sem a sua permissão.

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