Em reunião com governadores, Presidente prioriza crítica a demarcação de terras indígenas do que a queimadas

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Foto: Marcos Correa / Agência O Globo

 O presidente Jair Bolsonaro gastou boa parte da reunião com governadores da região da Amazônia Legal, realizada nesta terça-feira no Palácio do Planalto, discutindo a demarcação de reservas indígenas. Após a fala de cada governador, ele perguntava qual o percentual em cada estado de demarcações e de áreas de proteção ambiental. O presidente disse que por trás das demarcações há uma tentativa de “inviabilizar” o país:

— Muitas reservas têm o aspecto estratégico. Alguém programou isso. O índio não faz lobby, não fala a nossa língua e consegue hoje em dia ter 14% do território nacional. Uma das intenções é nos inviabilizar — afirmou, sem entrar em detalhes.

De acordo com Bolsonaro, se ele tivesse demarcado “dezenas” de terras indígenas quando voltou do G20, realizado no Japão, não haveria comoção devido aos incêndios na Amazônia.

— Nosso governo não aceitou, quando veio de Osaka, demarcar mais dezenas de áreas indígenas aqui no Brasil. Se eu demarcar agora, pode ter certeza, o fogo acaba na Amazônia daqui a alguns minutos. Acaba daqui a alguns minutos.

O presidente classificou como “irresponsabilidade” a política indigenista dos seus antecessores:

— Com todo o respeito aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado no tocante a isso, usando o índio como massa de manobra para que, ao inviabilizar o progresso nesses estados,(a Amazônia) não estivesse sob a nossa jurisdição ou fosse usada para o bem-comum nosso.

Bolsonaro ainda disse que havia uma “quase selvageria” na politica ambiental:

— Essa questão ambiental tem que ser conduzida com racionalidade e não com essa quase selvageria

Governadores endossam posição

Alguns dos governadores seguiram na linha de Bolsonaro e criticaram o grande número de demarcações. O governador de Roraima, Antônio Denarium, reforçou a ideia de que há um interesse por trás das demarcações:

— Roraima não é a porção de terra mais rica do Brasil, é a porção de terra mais rica do mundo. E as áreas indígenas e as ONGs de todo o Brasil estão concentradas exatamente nessas áreas onde tem as nossa riquezas.

O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), afirmou que é preciso retirar as riquezas das terras indígenas:

— É hora, presidente, de nós, sob a sua liderança, com a sua coragem, com a competência da sua equipe, botarmos o dedo na ferida. Não queremos tirar a indígena, não, nós queremos as riquezas que lá estão. Para tirar essas riquezas, nós podemos afetar 1%, 2% dessas áreas, não mais do que isso. Não podemos ter uma casa com um quadro na parede que vale milhões e ter os nossos filhos passando fome. E é isso que acontece nesse país.

Governador de Rondônia, Marcos Rocha, disse que os índios querem produzir e que é possível utilizar os recursos de forma sustentável:

— Esse número imenso de reservas que existem, os índios querem produzir, existem justamente porque nesses locais existem as maiores riquezas do Brasil, diamante, nióbio, ouro, cassiterita e tanto outros minérios existentes. Então a gente precisa saber utilizar os recursos e é possível, sim, utilizar os recursos de forma sustentável.

Por outro lado, o governador do Amapá, Waldez Góes, disse após a reunião que não vê problema com o número de terras indígenas no seu estado:

— Eu, enquanto governo do Amapá, não tenho nenhum problema do fato das terras indígenas hoje no Amapá, inclusive talvez tenha sido o estado que teve as suas terras indígenas primeiras demarcadas e nós não temos problema com isso. A bem da verdade, queremos criar outros mecanismos de planejamento estratégico público-privado para mobilizar as terras que estão disponíveis, pelo menos no Amapá agora não existe preocupação em querer produzir em terras indígenas ou em reservas extrativistas ou florestais.

Ajuda do G7

Antes da reunião com governadores, Bolsonaro afirmou que só aceitará a  oferta de ajuda  dos países do G7 para ajudar no combate às queimadas na Amazônia se o presidente da França, Emmanuel Macron, voltar atrás do que chamou de ‘insultos ‘:

— Primeiramente, o senhor Macron tem que retirar os insultos que faz a minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. Depois, pelas informações que eu tive, a nossa soberania está em aberto na Amazônia. Para conversar ou aceitar qualquer coisa com a França, que seja com as melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, acrescentando depois: — Primeiro retira, depois oferece, daí eu respondo.

Brigitte Macron

Bolsonaro negou nesta terça que tenha ofendido a primeira-dama francesa, Brigitte Macron .

A imprensa francesa noticiou nesta terça-feira que o movimento #DesculpaBrigitte , lançado por internautas brasileiros após o presidente Jair Bolsonaro endossar um comentário que zombava da mulher do presidente Macron, 24 anos mais velha, chegou aos ouvidos da primeira-dama.

Segundo o Le Parisien, Brigitte Macron soube dos comentários pouco antes de retornar de Biarritz, onde aconteceu a reunião do G7 no último final de semana, e teria ficado emocionada com a demonstração de apoio dos brasileiros.

A  matéria do periódico francês  cita ainda a capa do Extra desta terça-feira, em que há uma foto da primeira-dama francesa acompanhada da frase “Pardon, Brigitte” (em português, “desculpe, Brigitte”).

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