Escola estadual que atende alunos indígenas será fechada na capital

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Aluna Terena da Escola Estadual Carlos Henrique Schrader leva cartaz de protesto à Assembleia nesta quarta-feira (20) (Foto: Leonardo Rocha)

Alunos, pais e funcionários da Escola Estadual Carlos Eduardo Schrader protestaram na manhã desta quarta-feira (20) por conta do anúncio do fechamento da instituição por parte da Secretaria de Estado de Educação (SED). O documento comunicando a decisão foi encaminhada à secretaria da escola na terça-feira (19).

De acordo com a secretária de Educação, Maria Cecília Amêndola da Motta, a decisão foi tomada com base em análise técnica. O prédio onde hoje funciona a escola será destinada para a sede da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), que atualmente está localizado na avenida Mato Grosso. “A população está tendo menos filhos e temos vácuos em algumas escolas, então estamos otimizando o dinheiro público”.

Um dos líderes da manifestação que ocorreu nesta manhã, Gabriel Gonçalves Mendonça Palácios, 17 anos, contou que apesar de estar no último ano do ensino médio, se revoltou com o fechamento da instituição, que estuda desde a 4ª série.

“Ficamos sabendo ontem e decidimos agir. Eles (SED) dizem que decidiram por meio de análise técnica, mas nossa escola tem mais de 400 alunos, todas as turmas estão cheias, em todos os horários. Na minha sala são 32 alunos. Fora o fato de que a escola atende a comunidade indígena e alunos da zona rural”, afirmou o adolescente.

O colégio tem turnas no período matutino e vespertino. Para a agente penitenciária Taciana Gonçalves Mendonça, mãe de Gabriel, a mudança por fazer com que muitos alunos, principalmente indígenas, deixem de estudar por conta da distância que será percorrida.

“Todo mundo está adaptado a essa escola, ela está na nossa rotina. Meus dois filhos estudaram aqui, um já saiu e está fazendo Direito graças à escola. Hoje conversei com uma mãe que contou que o filho não pode andar de ônibus porque ele passa mal. Como essa criança vai mudar de escola?”, questionou Taciana.

Além da manifestação em frente a escola, os professores foram até a Assembleia Legislativa para conversar com alguns deputados para pedir apoio na interlocução com o governo. Após o encontro, os parlamentares se mostraram ao lado da escola e afirmaram que enviarão um documento à Secretaria de Educação pedindo explicação sobre os motivos que levaram a pasta a fechar a instituição e também com a orientação de reversão da decisão.

“Ali era uma favela, não tinha escola, fizemos a movimentação e reivindicamos na época do governador Ramez Tebet. Precisamos conversar com a secretaria de educação, a escola é pequena e a qualidade do trabalho precisa ser reconhecida. Ela atende a comunidade indígena, os alunos vão a pé para a escola, mais de 40% são indígenas e a avaliação desses alunos é satisfatória”, disse o deputado Pedro Kemp (PT).

Líder do governo na Assembleia, deputado Barbosinha (DEM) também se mostrou contra o fechamento da Carlos Eduardo Schrader. “O governo, para reduzir gastos, quer juntar as escolas. A escola Hércules Maymone, que está há 1,5 mil metros tem salas ociosas, por isso a junção, para diminuir os gastos. Porém, apenas o aspecto meramente econômico não pode ser levado em conta, temos que dar espaço a qualidade da escola, ela deve ser olhada com olhos que ela merece ser observada. Ela está entre uma das melhores de nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e em time que está ganhando não se mexe”.

A escola deixará de funcionar apenas a partir do próximo ano. As atividades escolares deste ano continuam normais até o final de 2019. Ao todo o local tem 427 alunos, sendo que desse número, 43% são indígenas.

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