Dia 19 de abril é considerado o dia do índio no Brasil. A data remete ao primeiro Congresso Indigenista Interamericano, que ocorreu no mesmo dia em 1940 para discutir questões ligadas à situação dos povos indígenas.
Mais do que uma data comemorativa, o dia é uma oportunidade para apoiar a luta diária travada por esses povos que ainda sofrem para ganhar espaço e reconhecimento no cotidiano do homem branco, se engajando em diversas formas de manifestação para atingirem esse propósito.
A língua é, com certeza, uma das contribuições dos indígenas em nosso dia a dia. Segundo o último censo do IBGE, 274 línguas indígenas são faladas no Brasil.
Segundo o IBGE, no Brasil existem 305 etnias indígenas. — Foto: Ananda Porto/Arquivo Pessoal
Parte dessas línguas pertence à família Tupi-Guarani, que é considerada a maior família linguística no país. O professor do Departamento de Linguística da Unicamp, Wilmar D’Angelis, é especializado em línguas indígenas. Ele explica que quando os portugueses chegaram na costa brasileira, em 1500, perceberam uma grande semelhança nas línguas faladas pelos indígenas.
“Pode-se mesmo dizer que a maior parte dos povos indígenas que ocupavam esse litoral, entre São Luís do Maranhão e o Sul de Santa Catarina, era falante de alguma língua (da família) Tupi-Guarani: Tupinambás, Potiguaras, Caetés, Temiminós, Tupinaés, Tupiniquins, Tamoios, Carijós e vários outros”, conta.
Na história a seguir, por exemplo, os termos em destaque indicam palavras de origem indígena:
“O Terra da Gente ama a natureza. Assistindo aos programas ou lendo os textos do site, é possível aprender mais sobre o mundo das aves. Se encantar com as cores das araras, descobrir o comportamento dos tucanos e até procurar o urutau entre os trocos. Na beira do rio, o encontro com as capivaras é rotineiro, mas às vezes um jacaré também aparece. A pescaria traz aventura e diversão na companhia dos pirangueiros, que vão atrás das enormes pirararas e das piraíbas e tentam evitar as piranhas. Na “Hora do Rancho”, todo mundo está pronto para a refeição. As receitas diversas ensinam desde churrasco, até pamonha e mousse de maracujá”.
Capivara (do tupi, kapi’wara) significa “comedor de capim”. — Foto: Gabriel Arroyo/Arquivo Pessoal
Isso mesmo, são onze palavras de origem Tupi-Guarani, entre milhares de outras opções. Arara (a’rara) significa aves de muitas cores, e os nomes tucano (tu’kã) e o urutau (uruta’ ui) eram usados para designar as espécies. A capivara (kapi’wara) é traduzida por comedor de capim e o jacaré ( îakaré ou jaeça-karé), significa “aquele que olha de lado”.
A palavra pirangueiro deriva do Tupi pirá (peixe) e designa os pescadores. Com o mesmo prefixo, temos a pirarara (pirá + a’rara), piraíba (pirá + aíba, que traduz para ruim) e piranha. A palavra piranha é considerada por alguns como a junção dos termos pirá e anha (dente), significando “peixe com dente” ou pirá e raim (o que corta), significando “peixe que corta a pele”.
Nos alimentos, a mandioca (maniok) faz referência à uma narrativa mítica sobre a origem do alimento e maracujá (mara kuya) é conhecido como o “fruto que se serve”.
Curiosidades sobre línguas indígenas — Foto: Arte TG