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Dia do Índio é marcado por resistência de povos tradicionais à pandemia

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Dia do Índio, celebrado nesta segunda-feira (19), acontece em meio à pandemia que agravou a vulnerabilidade dos povos indígenas e o forçou mudanças de hábitos preservados há séculos. Rituais sagrados cancelados, danças adaptadas e o convívio remodelado. A Covid-19 impôs uma nova realidade aos  povos indígenas de todo Brasil.

Dia do Índio: cinco visitas virtuais a museus e aldeias no Brasil

Tecnologia permite explorar, sem sair de casa, acervos que preservam a cultura e a história de povos indígenas no país
Interior do Museu de Arte Indígena, em Curitiba Foto: Reprodução/Youtube
Interior do Museu de Arte Indígena, em Curitiba Foto: Reprodução/Youtube

Entre as atividades turísticas pouco (ou nada) recomendáveis durante a pandemia está a visita a aldeias indígenas. O fluxo intenso de visitantes de fora pode expor ainda mais as populações originárias, especialmente afetadas pela Covid-19, aos riscos da doença. Mas, graças à tecnologia, é possível ter contato com a história e a cultura dos brasileiros originais sem precisar sair de casa. 

Neste 19 de abril, Dia do Índio, listamos cinco opções de passeios virtuais por museus e plataformas de realidade virtual dedicados à preservação da cultura indígena no Brasil.  

Museu do Índio, no Rio de Janeiro 

Da Rua das Palmeiras, em Botafogo, para o mundo. Parte do rico acervo do Museu do Índio, ligado à Fundação Nacional do Índio (Funai), pode ser visto de maneira virtual. E há dois caminhos para as visitas on-line. 

O primeiro deles é pelo site oficial do museu (museudoindio.gov.br/visitas/visita-virtual). A página leva às exposições referentes aos grupos indígenas do Oiapoque (no extremo norte do país), Asurini (do Xingu), Guarani e Maxakali (norte de Minas Gerais). O passeio é interativo, com imersão em 360 graus e áudio.  

Parte da exposição virtual sobre missangas na cultura indígena, do Museu do Índio Foto: Reprodução
Parte da exposição virtual sobre missangas na cultura indígena, do Museu do Índio Foto: Reprodução

O segundo caminho é pela plataforma Google Arts & Culture (artsandculture.google.com/partner/museu-do-indio).  Há apenas duas exposições virtuais do museu ali, mas valem a pena ser exploradas. A primeira fala da relação dos indígenas com as missangas, que, apesar serem originárias da Ásia e terem sido trazidas pelos colonizadores portugueses, hoje em dia são parte fundamental das culturas dos povos originários brasileiros. A outra mostra apresenta a arte das mulheres Baniwa com a cerâmica. Esse povo vive no Alto Rio Negro, no interior do Amazonas, quase na fronteira com a Venezuela. Na plataforma do Google é possível ainda passear por algumas das salas internas do museu.

Instituto Kanindé, em Porto Velho 

Também pela Google Arts & Culture é possível conhecer o trabalho da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, sediada em Porto Velho, capital de Rondônia. Apesar de o instituto não ser uma atração turística propriamente dita na capital de Rondônia, seus projetos voltados para a preservação da cultura e da terra de povos indígenas rendem uma ótima visita on-line (artsandculture.google.com/partner/kaninde). 

As cinco exposições virtuais tratam justamente da luta de indigenistas e aldeias para preservarem seu modo de vida, sobretudo na região amazônica. Uma delas apresenta o drama do povo Juma, localizado no interior do Amazonas e praticamente extinto. A narrativa é focada na última família dessa etnia, composta por três mulheres e seu pai, Akurá Juma. Ele, o único de seu povo a sobreviver a um massacre nos anos 1960, morreu em fevereiro de 2021 de Covid-19.

Outra exposição de destaque é a que conta a história do “índio do buraco”, que, apesar do ar de lenda, é bem real.  Trata-se de um homem que se isolou em m buraco debaixo da terra na região de Corumbiara, em Rondônia. Os indigenistas acreditam que isso aconteceu depois de seu povo ter sido exterminado. Além de relatos de estudiosos e fotos dos buracos que o indígena habitava, há o único vídeo que mostra esse homem, acuado, ameaçando com uma espécie de lança ou flexa os indigenistas que tentavam fazer contato. 

Aldeia 360, em São Paulo 

Moradores da aldeia Tekoa Itakupe, na cidade de São Paulo, em cena gravada para a plataforma de visita virtual Aldeia360  Foto: Divulgação
Moradores da aldeia Tekoa Itakupe, na cidade de São Paulo, em cena gravada para a plataforma de visita virtual Aldeia360  Foto: Divulgação

São Paulo, a maior cidade da América Latina tem tudo, até uma aldeia indígena. Localizada aos pés do Pico do Jaguará, ela se chama Tekoa Itakupe e é lar de mais de mil pessoas da etnia Guarani Mbya. A partir desta segunda, 19 de abril, será possível conhecer melhor essa comunidade através do projeto Aldeia 360 (aldeia360.com.br), que permitirá, como o nome sugere, um passeio em realidade virtual 360 graus pela aldeia. 

 O projeto é uma realização da produtora Claque Produções em parceria com a Triarts New Media e o grafiteiro Dinas Miguel. De acordo com os autores da plataforma, o visitante será recebido pelos moradores da aldeia, que passarão um pouco da cultura de seu povo e de sua história de resistência. Na visita virtual à aldeia, é possível ter as mais diversas experiências e aprender com conteúdos que vão desde fotos, entrevistas, até imersão total no ambiente, seja em lagos, trilhas ou até cerimônias.

Museu de Arte Indígena, em Curitiba 

Inaugurado em 2016, no bairro de Água Verde, em Curitiba, o MAI é um museu privado dedicado à produção artística de povos indígenas brasileiro. O acervo cona com mais de 1.500 peças, entre cocares, adornos, objetos ritualísticos, cerâmica, utensílios do dia a dia, instrumentos musicais, armas e cestas. Todos com alto valor artístico e cultural. 

O passeio virtal se dá pelo site tourvirtual360.com.br/mai/mai.html e é daquelas em que o visitante caminha pelo espaço interno do museu. Por ali é possível ter uma noção do acervo e da decoração do ambiente, e entrar no clima, graças às músicas indígenas de fundo. Em partes da exposição é possível clicar nos itens e obter mais detalhes deles. 

Espaço do Conhecimento da UFMG, em Belo Horizonte 

Antes da pandemia, um dos destaques do Espaço do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que integra o Circuito Cultural da Liberdade, em Belo Horizonte, era a exposição “Mundos indígenas”. Aberta em dezembro de 2019, ela apresentava ao público os modos de viver, de saber e de se cuidar dos povos Maxakali, Pataxoop, Xakriabá, Yanomami e Ye’kwana. Com o fechamento dos museus, após março de 2020, esse trabalho precisou ser adaptado para um tipo de visitação mais segura, ou seja, à distância. 

A exposição presencial então se transformou numa mostra on-line, com uma série de seis vídeos no canal do Espaço do Conhecimento da UFMG no Youtube (youtube.com/espacoufmg). O primeiro deles é uma introdução à exposição, e os demais apresentam os conceitos que os curadores e curadoras dos cinco povos escolheram para representar os seus mundos. Os vídeos são independentes uns dos outros e podem ser vistos em qualquer ordem. Mas, quem se interessa pelo assunto vai maratonar essa série.  

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