Um grupo de agricultores indígenas da etnia terena da aldeia Córrego do Meio, municipio de Sidrolândia liderado pelos indígenas Gedenilson Pereira, Jezias Clementino, Adenilson Clementino se dispuseram a unirem as forças e iniciarem a agricultura mecanizada de grande escala. No inicio de 2021 o projeto sai do papel e é colocado em prática.
Até então este grupo de agricultores trabalhavam apenas com “agricultura de subsistência”, ou seja, plantavam apenas para garantir a sua alimentação e às vezes o pouco a mais que sobravam dos produtos colhidos vendiam para ter um recurso financeiro e ajudar na despesa familiar.
Há muitos anos atrás, eles já pensavam nesta possibilidade, porém não haviam parceiros dispostos a comprar esta ideia e se esbarravam na restrição constitucional de que territórios indígenas pertencem à União e os povos não são autorizados a produzir monocultura para comercialização e nem para arrendamento.
Depois de verem o sucesso dos indígenas da etnia Pareci de Mato Grosso, um dos primeiros a iniciarem e desenvolverem a agricultura mecanizada, a insistência neste projeto tornou mais incisivo no ano passado e a parceria veio justamente dos indígenas da cidade de Dourados, Vilmar Martins Machado e Reinaldo Meireles, agricultores ambos indígenas de pais terena e guarani, que já dispunha de maquinários e conhecimento de plantio de agricultura mecanizada de grande escala na sua região. Após tratativas com os agricultores e lideranças da aldeia Córrego do Meio firmaram uma “parceria agrícola”.
Com o plantio de quase 100 hectares de milho no início de março os agricultores saíram satisfeitos após a colheita.
“…mesmo com pouca chuva, a geada e a estiagem, o resultado foi positivo neste primeiro plantio porque o nosso grupo já percebeu a diferença.” Ressaltou Gedenilson Pereira, um dos que lidera o grupo de agricultores.
Outras 03 comunidades vizinhas a aldeia Córrego do Meio percebendo que é possível produzir em grande escala já firmaram parceria já preparam o solo e irão iniciar o plantio da próxima safra. A intenção é triplicar o plantio nesta segunda etapa, chegando em aproximadamente 300 hectares.
Gedenilson ressalta que tudo está sendo feito com equilíbrio e responsabilidade. Como cidadãos, temos os mesmos direitos de desenvolver, comenta.
Preparação para a nova safra na aldeia Oliveira, município de Dois Irmãos do Buriti/MS
Manifestação em Brasília
Ontem (12) as etnias Paresi, Kayapó, Xavante, Manoki, Nambikwara, Umutina, Terena, Pankararu, Enawenê Nawê e Fulni-ô organizaram uma manifestação pacífica em Brasilia e defenderam a liberdade para desenvolver atividades produtivas nas aldeias e solicitaram apoio a projetos sustentáveis que resultem em geração de renda.
“A Nova Funai entende que, por meio do etnodesenvolvimento, é possível levar dignidade às populações indígenas, permitindo que as comunidades sejam protagonistas de sua própria história. Hoje, eles vieram solicitar apoio para suas atividades produtivas, sobretudo nas questões relacionadas a linhas de crédito, financiamento e licenciamento”, destacou o presidente da Funai.
Para Arnaldo Paresi, as atividades produtivas trazem autonomia e dignidade aos indígenas, além incentivar sua permanência nas aldeias. “Na nossa comunidade, a agricultura fixou os indígenas na terra e reduziu a mortalidade que tínhamos devido à desnutrição por falta de alimento. Além disso, a geração de renda permitiu melhorar nossa qualidade de vida em diversos aspectos, como saúde, educação e moradia”, comentou.