Defensoria cria serviço para denúncia de abuso contra crianças em aldeias

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(Foto: Reprodução/ Dourados News)

Motivado pelos recentes casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em aldeias indígenas, serviço de disque denúncia sobre esses crimes será ativado quinta-feira (23), em Mato Grosso do Sul. O serviço foi viabilizado pelo Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica, da Defensoria Pública de MS.

O lançamento será em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, onde ocorreu até agora, o crime mais brutal deste ano envolvendo criança indígena em Mato Grosso do Sul.

No dia 8 de agosto deste ano, três adolescentes e dois adultos, entre eles, o tio da vítima, embriagaram uma menina de 11 anos e estupraram seguidas vezes. O crime ocorreu na Aldeia Bororó, que junto com a Jaguapiru, formam a Reserva Indígena de Dourados.

Depois de recobrar a consciência e ameaçar denunciar os estupradores, a criança foi jogada do alto de um paredão de pedra de 20 metros e morreu ao se chocar com as rochas.

O tio, Elinho Arévalo, 34, confessou o crime e disse que estuprava a sobrinha desde que ela tinha seis anos. Na mesma semana, ele foi encontrado morto na cela em que estava com outro envolvido no estupro e morte da menina. A polícia tratou o caso como suicídio.

“Esse tipo de violência, praticada contra meninas e meninos, infelizmente, é recorrente nas aldeias e muitas pessoas, em especial, as mães, permanecem no silêncio, com medo de denunciarem, por se sentirem ameaçadas. Esperamos que com o disque denúncia, os casos cheguem à Justiça, pois a identidade do denunciante será preservada”, afirmou a coordenadora do Núcleo de Defesa dos Povos Indígenas, a defensora pública Neyla Ferreira Mendes.

Segundo a coordenadora idealizadora da campanha, para que o novo serviço atinja amplamente as comunidades indígenas, a Defensoria Pública traduziu todos os materiais de divulgação do disque denúncia para as línguas Guarani e Terena.

“Após o projeto das Van dos Direitos nas Aldeias, que estamos realizando desde julho deste ano, essa é mais uma iniciativa direcionada aos povos indígenas. Como Estado que possui a segunda maior população indígena do Brasil, temos a missão de promover o acesso e a garantia dos direitos dessas crianças e adolescentes”, afirmou a defensora pública-geral, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira.

O disque denúncia vai funcionar através do número de WhatsApp (67) 99263-6212. O denunciante precisa informar o nome da criança ou adolescente que está sofrendo abuso, a localidade e o nome da pessoa suspeita de cometer o crime. O lançamento será no Cras Indígena da Aldeia Bororó, às 9h de quinta-feira.

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