Novo coordenador da Saúde Yanomami em RR é investigado por suspeita de desviar R$ 1,7 mil da conta de indígena

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Coordenador do Dsei-Y, Leandro Alves Lacerda – Foto: Reprodução/Instagram/Leandro Lacerda

O novo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Yek’uana (Dsei-YY), Leandro Alves Lacerda, de 46 anos, é investigado pela Polícia Civil de Roraima por suspeita de desviar R$ 1.700 da conta bancária de um indígena Yanomami. O caso aconteceu em março de 2014 e foi denunciado pelo indígena ao Dsei-Y.

O caso é investigado pela Polícia Civil no 1º Distrito Policial, que apura se houve crime de apropriação indébita.

A vítima contou que, à época, Leandro, que atuava como técnico em enfermagem, levou ele a uma agência bancária e o ajudou a sacar R$ 500, que ficou em sua posse. Posteriormente, o indígena retornou ao banco e não encontrou o restante do valor que esperava ter na conta.

Com a ajuda de um outro servidor, a vítima retirou o extrato bancário que comprovava a transferência do dinheiro para a conta de Leandro Lacerda. A ação, segundo a vítima, não foi consentida.

Procurado, o coordenador Leandro disse que “não existe autos, apenas um inquérito sem provas, feito por uma denuncia caluniosa”. Ele ainda intimidou a equipe de reportagem e disse que ia tomar “providências judiciais cabíveis” caso o assunto fosse publicado no g1.

As investigações tiveram início em 2016, quando a então coordenadora do Distrito Sanitário, Maria de Jesus do Nascimento, encaminhou o caso ao Ministério Público Federal de Roraima, que transferiu para investigação no Ministério Público Estadual de Roraima (MPRR).

Em ofício, o Dsei-Y informou que Leandro atuava como técnico de enfermagem e não trabalhava no Setor de Capacitação. Por esse motivo, ele não possuía autorização para acompanhar os indígenas em compras ou auxilia-los em transações bancárias.

Na denúncia, a coordenadora também relatou a suspeita de que o servidor vendia armas de fogo para alguns indígenas da região e solicitou providências para averiguar o caso.

“Informes dão conta de que este mesmo funcionário, se aproveitando de sua proximidade e confiança com os indígenas, tem vendido armas de fogo para alguns indígenas levarem para suas comunidades”, cita trecho.

Por não se tratar de um crime federal, o Ministério encaminhou o caso para a Civil. Em novembro de 2022, seis anos depois do caso, o órgão deu um prazo de 90 dias para que a Polícia Civil concluísse as investigações.

Procurada pelo g1, a Civil não informou o andamento do caso. “Após o cumprimento das diligências relacionadas ao caso, o procedimento será encaminhado ao Ministério Público de Roraima”, informou em nota.

Leandro foi indicado para o cargo de coordenador pela principal liderança Yanomami, Davi Kopenawa, e outras organizações indígenas. A portaria foi assinada pela ministra Nísia Trindade Lima e publicada na sexta (10).

Leandro Alves, coordenador do Dsei-Y — Foto: Arquivo Pessoal

Leandro Alves, coordenador do Dsei-Y — Foto: Arquivo Pessoal

A reportagem questionou o Ministério da Saúde, responsável pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), sobre a nomeação, e aguarda o retorno.

No último dia 5 de fevereiro, o coordenador substituto que respondia pelo órgão se demitiu. Na ocasião, a ministra Sônia Guajajara chegou a anunciar uma intervenção no distrito.

O maior território indígena do Brasil passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária devido ao avanço do garimpo.

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