Indígenas se reúnem para questionar reintegração de posse em fazendas

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Dezenas de indígenas se reuniram nesta quarta-feira (21) no prédio da Funai (Fundação Nacional do Índio) para cobrar explicações sobre um pedido de reintegração de posse das fazendas Capão de Arara e Água Branca em Aquidauana, a 135 km de Campo Grande. Eles alegam que o documento com o pedido é do dia 2 de fevereiro, mas não receberam a notificação. Nas duas fazendas moram cerca de 40 famílias.

De acordo com o ex-cacique Maurílio Pacheco, os moradores só ficaram sabendo do pedido na sexta-feira (16) quando na ocasião o capitão de uma da colônia esteve na Funai e foi comunicado. “Se a reintegração fosse na segunda-feira ia ter pego todos nós de surpresa”, reclamou. “A gente precisa do processo para termos argumento, saber que alegação a fazenda está fazendo contra nós”, questiona.

Pacheco ainda alega que no documento, o qual só teve acesso no inicio da semana, o argumento é de que não houve reintegração de posse desde 2016 e que a área pertence a uma pessoa que vive em São Paulo. “Nós já tínhamos conversado com a esposa dele. Ela conversou com o coordenador da Funai, concordamos como liderança. O que é nosso a gente quer, o que é dela é dela. Nós ficamos surpresos com esse pedido, já que estava tudo acordado”.

Pacheco explica que precisam da terra para sustentar as cerca de 40 famílias na região (Foto: Marcos Ermínio)Pacheco explica que precisam da terra para sustentar as cerca de 40 famílias na região (Foto: Marcos Ermínio)

A liderança ainda afirma a área é de cerca de 7,2 mil hectares, mas apenas 6,4 mil são usados. “Se fizer as contas não dá um hectare para cada família. Não tem emprego para a gente. Nós dependemos da lavoura para sustentar nossa família. Lá tem muitas crianças e idosos. A verdade é que estamos esquecidos tanto pelo município quanto pelo Estado”, disse.

O grupo ainda deve se reunir com representantes do Judiciário na tarde desta quarta-feira para tentar uma negociação. “Os fazendeiros alegam que lá não é terra indígena, sendo que isso foi comprovado por pesquisadores e antropólogos. Estamos preparados para a guerra, não vamos arriar”, concluiu.

Segundo Paulo Rios, coordenador da Funai, que está em viagem à Brasília, nem a própria Funai ficou sabendo dessa decisão. “Isso é jurídico. Nós só ficamos sabendo quando há uma decisão judicial, ninguém é informado antes. Não existe essa questão de avisar. Nós só ficamos sabendo dessas coisas tudo em cima do prazo, quando as decisões já foram tomadas e não quando ainda será decidido”, explicou.

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