Educação permanente qualifica ações de saúde aos indígenas

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Foto: Alejandro Zambrana

 educação permanente em saúde é um processo de aprendizagem no trabalho preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), por meio da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). O objetivo é assegurar a troca de informações e a aprendizagem, com a integração dos diferentes serviços de saúde sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).

Idealizada com a missão de atuar na atenção básica à saúde dos indígenas – primeiro nível de assistência e principal acesso ao SUS –, a SESAI é o órgão do MS responsável pela coordenação e a execução da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) e pela gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS). E para garantir a melhoria contínua dos serviços ofertados, a SESAI promove sistematicamente cursos e oficinas de qualificação para seus trabalhadores.

Esse é um processo educativo que cria espaços coletivos para a reflexão e a avaliação das práticas e técnicas do campo da saúde indígena, com análises do cotidiano do trabalho e da formação em saúde. É uma estratégia para transformações no trabalho, com base em reflexões críticas e encontros entre aprendizagem e trabalho. O processo de educação permanente perpassa todas as áreas da SESAI.

Resultados estratégicos

As ações realizadas pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) são monitoradas pelo Departamento de Atenção à Saúde Indígena (DASI), por meio do acompanhamento de dois resultados estratégicos: trabalhadores das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) / DIASI qualificados para o trabalho em contexto intercultural; e trabalhadores da EMSI / DIASI qualificados para o aperfeiçoamento do trabalho em saúde.

Até novembro de 2018, aproximadamente sete mil trabalhadores participaram das 456 ações educativas realizadas pela SESAI ou em parceria com estados e/ou municípios. Os temas relacionados à imunização, saúde mental, saúde da criança e saúde bucal tiveram destaque, assim como formações sobre planejamento, monitoramento e avaliação da situação de saúde. No grupo das ações de qualificação para o trabalho em contexto intercultural, tiveram destaque as trocas de saberes e a medicina tradicional.

É importante apontar, também, o desenvolvimento de estratégias de educação mediada por tecnologias. O módulo “Saúde Indígena: Interculturalidade em Rede”, em parceria com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGETS) – curso destinado à qualificação dos trabalhadores que atuam diretamente nas aldeias – até o momento possui 2.867 inscritos e 1.694 concluintes com direito a certificação.

O projeto “Pensando e Fazendo o Trabalho em Saúde Indígena: Módulos de Educação Permanente”, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina do Hospital São Paulo (SPDM-HSP), viabilizou o acesso online a módulos temáticos sequenciais, complementados por oficinas presenciais periódicas para todos os profissionais de saúde de nível superior de 11 DSEI.

Até novembro de 2018, participaram do Projeto um total de 1.222 trabalhadores, entre eles apoiadores técnicos em saúde, assistentes sociais, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, médicos, nutricionistas e psicólogos. Os módulos temáticos ofertados foram: “Introdução à Saúde Indígena”; “Vigilância em Saúde Indígena 1 – Caminhos para a organização e qualificação do processo de trabalho em distritos”; “Vigilância em Saúde Indígena 2 – A vigilância no diagnóstico e análise permanente da situação de saúde”.

Ao longo do ano, participaram de oficinas presenciais um total de 480 trabalhadores dos 11 DSEI contemplados na primeira etapa do projeto: Altamira, Alto Rio Negro, Araguaia, Cuiabá, Guamá-Tocantins, Kayapó Mato Grosso, Kayapó Pará, Rio Tapajós, Xavante, Xingu e Yanomami.

Formação de agentes indígenas

Os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) desempenham um papel fundamental na saúde indígena, porque fortalecem o protagonismo indígena na organização e no desenvolvimento de ações inovadoras e adequadas aos mais variados contextos e comunidades. Por isso, a SESAI criou um programa de formação para esses profissionais, para reforçar a organização dos serviços de atenção básica nos DSEI.

Atualmente, 7.051 AIS e AISAN estão em atividade nos 34 DSEI, sendo 4.656 AIS e 2.395 AISAN. Desse total, 2.495 (35,4%) já passaram pelo Programa de Qualificação de AIS e AISAN e receberam capacitação na Universidade Federal do Amazonas / UFAM (1.260 AIS e 248 AISAN); Universidade Federal de São Paulo / UNIFESP (388 AIS e 234 AISAN); e Universidade Federal da Grande Dourados / UFGD (235 AIS e 130 AISAN). No início de 2019, outras três fases do programa serão executadas, dessa vez no Maranhão (180 AIS e 176 AISAN), Litoral Sul (149 AIS e 98 AISAN) e no Tocantins (64 AIS e 103 AISAN), o que elevará o percentual de alcance para 46,30%.

O Programa de Qualificação de AIS e AISAN foi pensado a partir da importância estratégica dos AIS e AISAN nos serviços de saúde indígena e a necessidade de qualificação. Esse projeto contou com a parceria da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGETS) e da Fundação Osvaldo Cruz do Mato Grosso do Sul (Fiocruz-MS) e é composto por 16 cadernos temáticos ilustrados, que compõem o material didático do Programa.

Conheça mais sobre o programa

Compartilhando conhecimento

A educação permanente é uma condição indispensável para o trabalhador e o gestor em saúde, porque coloca em análise o trabalho e as práticas cotidianas, que são processos cada vez mais coletivos e desafiadores. A educação permanente transforma e qualifica os serviços de saúde ofertados, os processos formativos e as práticas desenvolvidas pelas EMSI, responsáveis pela assistência de saúde aos indígenas que vivem em terras e territórios indígenas, que devem ser os protagonistas desse processo.

Para Eloína Caetano Morais Karajá, 59 anos, técnica de enfermagem do DASI, trabalhar na saúde indígena é um desafio constante, e só quem trabalha diretamente com a população sabe como são grandes os desafios. E, embora seja desafiador, é um trabalho gratificante contribuir para a promoção da saúde dessa população tão diversa e que tanto precisa de nosso apoio”.

Os cursos e oficinas promovidos pela SESAI incentivam e melhoram a organização das ações e dos serviços numa concepção intersetorial.

 

Marcelo de Paiva / Comunicação SESAI

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