“Estamos aliviados”. Assim manifestou o único prefeito indígena do Acre, Isaac Piyanko, de Marechal Thaumaturgo, sobre a desistência do governo Bolsonaro em extinguir a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e de repassar aos municípios a responsabilidade pela assistência à saúde dos indígenas e incorporar os serviços destinados às aldeias a uma nova Secretaria Nacional de Atenção Primária.
Na semana passada, depois de muito protesto, o governo federal voltou atrás da decisão após protestos pipocarem país a fora. A notícia da desistência trouxe alívio para gestores dos municípios. Em Marechal Thaumaturgo, o prefeito disse ao Portal O Rio Branco que o momento não é ideal para municipalizar tendo em vista que algumas deficiências na rede de saúde dos municípios ainda são bastante perceptíveis.
“Acredito que a municipalização é uma questão muito específica. Vejo que alguns municípios poderiam até conseguir assumir tal responsabilidade, mas outro não como a cidade de Marechal Thaumaturgo. A demanda indígena é algo especial, é um tratamento especial, não pode ser tratado com os demais que vivem na zona urbana por diversos fatores como idioma, tradição até a falta de estrutura”, disse o prefeito hoje (01).
Isaac Pyanko também comentou que cidades com grande número de indígenas como Jordão e Marechal Thaumaturgo, por questões de localização, não possuem estrutura técnica suficiente para atender a demanda.
“Precisaríamos estruturar ainda mais a saúde desde a capacitação dos funcionários com diversos dialetos indígenas, o tratamento cultural, a forma de como devem ser tratados esses povos até contratação de profissionais e construção de novas unidades de saúde”, comentou.
Por fim, o prefeito frisa que os indígenas lutaram todos esses anos para ter autonomia que garante atendimento médico nas comunidades por meio da Secretaria Especial. Ele analisou também que esse recuo do governo federal foi uma demonstração de contribuir com a comunidade indígena.
“Isso é uma alívio para mim e todos os indígenas em saber que o governo voltou atrás com a decisão. Isso demonstra que ele já contribui com os indígenas. Se existe problemas dentro da Secretaria, deve ser resolvido entre o governo e os índios. É essencial que haja uma discussão com as lideranças indígenas sobre o programa, ver onde existem erros e acertos. O certo seria não acabar com e sim achar as soluções”, finalizou.