Com problemas na administração de medicamentos para os indígenas das 99 aldeias de Mato Grosso do Sul, o CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia) vem travando uma batalha para que os 15 polos-base da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) tenham um farmacêutico atuando. Atualmente são apenas 7 profissionais lotados.
Segundo o assessor técnico do CRF-MS, Adam Adami, atualmente o conselho está impedido de autuar os locais pela Justiça e teve que suspender a cobrança de 10 multas já aplicadas. “Eles alegam que o local é apenas depósito e por isso dispensa a presença do profissional. Mas quem fornece de forma correta esses medicamentos aos postinhos das aldeias? Quem visita as aldeias semanalmente para explicar a forma correta do uso dos remédios? ”, explicou.
Adam explica que além de prejudicar a saúde dos indígenas a falta do profissional vem também contribuindo para o desperdício dos medicamentos que muitas vezes são usados de forma incorreta. “Se você não tem um profissional para explicar para uma pessoa que ele precisa tomar um remédio por 10 dias, ele toma 5 dias, melhorou, acabou e joga fora. Isso acontece com os indígenas também. Nós estamos impedidos de autuar os locais, mas pela lei, esses estabelecimentos devem ter a presença de um farmacêutico, independente se for setor público”, ressalta.
O assessor diz que os locais não são apenas depósitos de medicamentos, servem também para dispensação que é uma atividade típica de farmácia. “Ali tem essa dispensação de medicamentos, é uma farmácia como qualquer outra. Fora que alguns medicamentos estão sendo armazenados de forma incorreta, o que acarreta na contaminação e descarte dos remédios”, conclui.
Ministério da Saúde
A secretaria, é vinculada diretamente ao Ministério da Saúde que, questionado pelo Jornal Midiamax, informou que que os polos-base são unidades administrativas que abrigam equipamentos, materiais e insumos necessários para a atuação das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, coordenadas pela SESAI, durante os atendimentos realizados nas aldeias.
Ainda de acordo com a pasta, os medicamentos são apenas estocados nos 359 polos-base de todo o Brasil e só são ministrados por profissionais de saúde diretamente nas aldeias. É importante reforçar que não há dispensação de medicamentos nos polos-base.