O homem acusado de matar o professor indígena Marcondes Nambla, em janeiro de 2018, na cidade de Penha, sobe ao banco dos réus nesta terça-feira (25). O júri popular acontece no Fórum de Balneário Piçarras, a partir das 9 horas. Marcondes foi agredido com um pedaço de madeira e morreu dois dias depois no hospital.
Gilmar César de Lima teve o mandado de prisão decretado por homicídio e chegou a ficar foragido. Dez dias depois do assassinato, ele foi encontrado em uma casa na cidade de Gaspar. A denúncia, oferecida em janeiro do ano passado pelo Ministério Público (MP), imputou ao réu a prática do crime de homicídio qualificado, por motivo fútil, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
O professor morreu em decorrência ao ferimento profundo na cabeça, causado pelo espancamento, conforme a denúncia. À época do crime, imagens de câmeras de segurança flagraram o momento das agressões. O vídeo mostra um homem, junto a um cachorro, agredindo Marcondes a pauladas.
Em abril de 2018 aconteceu a primeira audiência para ouvir testemunhas. Um laudo de avaliação de saúde mental chegou a ser solicitado pela defesa de Gilmar, o resultado comprovou a sanidade do réu.
O acusado chegou a enviar uma carta à família de Marcondes em que confessa ter desferido os golpes contra o professor, mas sem a intenção de matá-lo. No texto, ele ainda pede desculpas aos familiares da vítima. De acordo com Jeremias Felsky, advogado de Gilmar, a tese de defesa será apresentada durante o júri popular.
Relembre o caso
Em 1º de janeiro de 2018, o professor foi encontrado, em uma rua do Centro de Penha, desacordado, com um ferimento profundo na cabeça e sangramento nos ouvidos. Marcondes morreu dois dias depois, no hospital. O vídeo de uma câmera de monitoramento filmou a agressão.
Nas imagens é possível ver um homem, na companhia de cachorro, que anda de um lado paro outro. Marcondes aparece e dos dois conversam rapidamente. Quando o professor vira de costas, o suspeito dá uma paulada na cabeça do professor. Ele cai no chão e continua sendo espancado com o pedaço de madeira até o acusado fugir do local.
Marcondes era professor na escola indígena José Boiteux laklano. Era orientador e lutava para fortalecer a língua Xokleng. De acordo com colegas, ele atuava como juiz na aldeia. Fazia trabalho voluntário e era formado no curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).