Aluno indígena usa o xadrez para se recuperar de depressão

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A concentração e a disciplina exigidas no jogo de xadrez, ajudou o aluno e atleta Carlos Eduardo dos Santos Cinta Larga, de 16 anos, a superar o momento mais difícil da vida dele, a perda do pai. O garoto é morador de Cacoal e pratica o esporte desde os seis anos de idade, mas foi a morte do pai que o aproximou ainda mais da prática. Foi no xadrez que ele encontrou a ‘fuga’ para a sensação de vazio.

 

Carlos foi apresentado ao xadrez pelo professor Rogério Kester. Ele tinha apenas seis anos e na época, estudava na Escola Estadual Carlos Gomes, em Cacoal. No início, o esporte era apenas um passa tempo, até chegou a participar de algumas competições, mas não levava tão a sério. Em 2014, quando estava com 11 anos, teve a derrota mais difícil de ser superada, a morte do pai. Devido a pouca idade, o garoto teve dificuldade para aceitar e acabou entrando em depressão. Ele se afastou de tudo, inclusive do xadrez.

– Eu acabei me afundando bastante, pois era muito apegado ao ‘painho’, entrei em depressão. Ai um dia conversando com o psicólogo ele disse que era bom eu voltar a treinar xadrez, pois era algo que eu gostava. Então voltei a praticar e no ano seguinte disputei o meu primeiro estadual e ganhei isso me ajudou muito – contou Carlos.

Logo depois, enfrentou novos problemas familiares e mais uma vez se afastou do xadrez, ficando quase um ano longe dos tabuleiros. E foi graças à insistência do professor Rogério Kester, que o garoto voltou a jogar.

– O professor sempre me incentivou desde que eu era novo, me ensinou, me explica muita coisa que tenho dúvidas, até mesmo sobre assuntos que não estão relacionados ao xadrez. Ele me ajudou muito a superar a morte do meu pai e encontrar no xadrez a força que eu precisava, pois foi nesse esporte que coloquei todos os meus pensamentos e acabei esquecendo um pouco a fase difícil que estava passando na minha vida – lembrou o indígena.

O incentivador do garoto e professor Rogério, garante que a relação entre os dois vai além de professor e aluno. Para ele, Carlos é um garoto de ‘ouro’ e desde a infância, o acompanha nessa trajetória. O professor tem um grande carinho por Carlos e lembra que a vida não foi fácil para ele, no entanto o xadrez o ajudou a superar os problemas.

– Ele é um jovem bem formado, educado. Eu sempre usei o xadrez para o ajudar na vida, pois ele poderia ter seguido outros caminhos, mas preferiu o da educação, aprendeu que existem regras na sociedade, assim como existe no jogo. Isso é muito gratificante para a gente, não só as medalhas que ele ganha, mas as vitórias na vida – destacou Kester.

O professor acredita ainda que o papel do educador não é apenas ensinar a teoria, mas também contribuir com ensinamentos para a vida.

– Esse menino é um exemplo que a educação salva. Tenho certeza que ele reconhece isso. E eu como professor tento incentivar ao máximo. Ele mora na área rural e quando vai para os jogos vou até a casa dele buscá-lo. Isso é uma satisfação para mim e acho que não tem preço – avalia o professor.

Hoje, Carlos mora com a mãe em um sítio cerca de 8 km da cidade e vivem da agricultura familiar, plantando hortaliças para vender nas feiras e mercados de Cacoal. Ele estuda na escola Santos Dumont, numa extensão do ensino médio do campo da Escola Clodoaldo Nunes de Almeida, em Cacoal.

Em todas as competições de xadrez que já participou ao longo de 10 anos de treinos, Carlos já coleciona mais de 79 medalhas. Se vencer na fase estadual do Joer, o garoto disputará a etapa nacional em Blumenau (SC) em novembro.

 

Com informações  Rondônia Dinâmica

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