A destruição da cobertura vegetal da Amazônia não tem limites. A devastação em áreas privadas para instalação de pastos ou da monocultura de soja ou cana se repete também em áreas que, a princípio, deveriam estar sob proteção: assentamentos, unidades de conservação e terras indígenas estão entre as áreas mais desmatadas na região, segundo o boletim do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) publicado esta semana pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Conforme o boletim, com dados referentes a junho, os estados do Amazonas e do Pará lideram o ranking do desmatamento, com 30% e 26% do total desmatado, respectivamente, seguido por Rondônia (19%), Mato Grosso (17%), Acre (5%), Roraima (1%), Tocantins (1%) e Amapá (1%).
Embora a comparação do total desmatado em junho de 2019 com o mesmo mês do ano anterior aponte para uma redução de 31%, a variação requer cuidado na interpretação. Isso por que quele mês de 2018 foi o que registrou o maior desmatamento da série histórica do SAD, desde 2008.
“Isso se deve, em parte, à comparação com um número muito elevado detectado no ano passado, o maior já registrado pelo SAD em um único mês desde o início do seu monitoramento em 2008. Portanto, não houve recuo do desmatamento, pois o acumulado dos 11 meses do calendário 2019 indica um aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior”, explica o pesquisador Antônio Victor Fonseca, do Imazon.
Em junho de 2019, o desmatamento ocorreu no Amazonas (30%), Pará (26%), Rondônia (19%), Mato Grosso (17%), Acre (5%), Roraima (1%), Tocantins (1%) e Amapá (1%). As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 49 quilômetros quadrados no período, enquanto que em 2018 a degradação florestal detectada totalizou 40 quilômetros quadrados, um aumento de 23%. No mês passado, a degradação foi detectada em Roraima (55%), Mato Grosso (17%), Acre (10%), Pará (8%), Amazonas (6%) e Rondônia (4%).
Desmatadores
Em sua maioria (56%), a derrubada de floresta nativa foi feita em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse – áreas ainda sem destinação pelo Estado. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos (26%), Unidades de Conservação (13%) e Terras Indígenas (5%).
“Quem realiza o desmatamento dentro de áreas protegidas (UC e TI) tem a expectativa de que essas áreas sofram processo de redução dos seus limites ou até mesmo a extinção, e consequentemente a regularização futura dessas áreas para uso agrícola e pecuária”, explica Fonseca.
Segundo ele, o padrão do desmatamento observado nos últimos meses reflete grandes áreas sendo desmatadas, que variam entre 10 e 20 hectares.
Confira as áreas que estão perdendo a vegetação que deveria ser protegida: