Filho de ex-cacique acusado de liderar milicias disse que ‘esse negócio de extorsão nunca existiu’

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O dia amanheceu movimentado na Aldeia Urbana Água Bonita nesta quarta-feira (17). Cinco equipes da Polícia Federal estavam em busca de armas. Quatro casas foram vasculhadas e nada foi encontrado. Horas depois que agentes deixaram o local, a rotina voltou ao normal e pelas ruas da comunidade, moradores disseram nunca ter ouvido falar de esquema de extorsão de famílias.

A PF investiga grupo que agia exigindo valores de moradores para a entrega de lotes e permanência. Os quatro alvos de mandados seriam ligados ao antigo cacique, Nilton Nelson, que morreu em abril, e teriam formado espécie de milícia que cobrava taxas das famílias na base da ameaça e violência.

A primeira denúncia chegou à polícia em 2016 e de lá para cá, outros três boletins de ocorrência foram registrados, disse o delegado Fernando Rocha Rodrigues da Silva, da Delinst (Delegacia contra Pedofilia, Crimes contra Populações Indígenas e Eleitoral).

Filho do Nilton, Luiz Henrique Moraes Nelson, nega que seu pai era liderava grupo que fazia cobranças. “Vieram com denúncia de droga e venda de casas para pessoas que não são índias. Mas esse negócio de extorsão nunca existiu. Meu pai nunca fez isso e nunca nem pensou em fazer isso”.

A única entrevistada que diz já ter ouvido falar da cobrança pediu para se identificar apenas como Julia, de 30 anos. “Não pago, mas já ouvi esse boato”.

A comunidade surgiu há 15 anos na região norte de Campo Grande e hoje abriga cerca de 600 indígenas de cinco etnias. Metade da aldeia é ocupada por moradores mais antigos que vivem em casas de alvenaria e em outra parte, barracos ocupam lotes onde moradias estão sendo erguidas.

 

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