Indígenas denunciam assassinato de colaborador da Funai no Vale do Javari

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Maxciel Pereira dos Santos Foto: DR

Indígenas do Vale do Javari divulgaram uma nota denunciando o assassinato de Maxciel Pereira dos Santos que teria ocorrido no dia 6 de outubro, na cidade de Tabatinga, no Amazonas. Maxi, como era conhecido, colaborou com a Fundação Nacional do Índio por mais de 12 anos, atuando no combate as invasões e reconhecimento dos territórios indígenas.

Maxciel foi morto com dois tiros, na frente de seus familiares em uma rua movimentada. Há suspeitas de que a motivação seja sua atuação em defesa dos povos tradicionais. Além da trabalhar na Funai, foi por cinco anos chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional do Vale do Javari e nos últimos anos, colaborou com a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari.

No comunicado os indígenas afirmam que há uma crescente tensão na região: “só neste ano, já aconteceram quatro ataques com arma de fogo contra as equipes que estão na Base de Vigilância Ituí, sobre os quais denunciamos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sem que fosse dada alguma resolução até a presente data”.

Assinado pelos coordenadores da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o documento representa os povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina (Pano), Korubo e Tsohom-Djapá.

A base da Funai na região é fundamental para a proteção dos índios isolados ou de recente contato. Existem oito grupos na região que sofrem com a falta de profissionais para executar as atividades. “Nos últimos anos a Coordenação Regional da FUNAI no Vale do Javari tem sido o reflexo da situação do órgão em nível nacional, funcionando mais pela garra de seus servidores do que a atuação de Estado; boa parte das vezes sem nenhuma garantia de respaldo pelas chefias superiores, a maioria indicações políticas e sem nenhum compromisso com a causa indígena”, afirmam.

Em nota pública, a Associação de servidores da Funai prestaram solidariedade aos familiares e apontam que “este episódio trágico e extremo se soma a muitos outros. Nos mais diferentes contextos, da Amazônia à região Sul do país, indígenas, servidores e colaboradores atuam em condições precárias e insuficientes na proteção de Terras Indígenas. Por conta da participação em ações de combate a ilícitos nesses territórios, encontram-se cada vez mais ameaçados e vulneráveis”.

Os indígenas cobram investigações do assassinato e solicitam que a Funai viabilize a atuação de fiscalização e proteção permanente, visando impedir as invasões, o desmatamento ilegal, a proteção dos servidores e atendimento aos povos indígenas na região.

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