Indígena fará parte da comitiva de Bolsonaro na ONU

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Indígena Ysani Kalapalo, moradora de uma aldeia no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, deve acompanhar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Ela foi convidada pelo presidente para viajar com a comitiva do governo aos Estados Unidos na manhã da próxima segunda-feira, 23. A informação foi confirmada pelo Estado com uma fonte do Planalto.

O convite a Ysani gerou um mal-estar entre lideranças indígenas que estão em Nova York para protestar contra a política ambiental do governo, além de diplomatas e empresários. A indígena convidada pelo presidente é defensora do discurso do governo de que “fake news” distorcem informações sobre as queimadas na Amazônia.

 
A indígena Ysani Kalapalo gravou vídeo defendendo que queimadas eram "fake news" contra governo. Gravação foi compartilhada por Bolsonaro.
 
A indígena Ysani Kalapalo gravou vídeo defendendo que queimadas eram “fake news” contra governo. Gravação foi compartilhada por Bolsonaro.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão Conteúdo
 

O presidente Bolsonaro compartilhou nas redes sociais na quarta-feira, 18, vídeo de Ysani Kalapalo sobre as queimadas na Amazônia. Na gravação, ela aparece em sua aldeia e afirma: “Existe muito fake news sobre as queimadas, que é culpa do governo Bolsonaro. Não existe isso aí”.

Representantes de 16 povos do Parque Indígena do Xingu, onde vive Ysani, divulgaram uma carta neste sábado, 21, de repúdio à presença dela na comitiva. “O governo brasileiro ofende as lideranças indígenas do Xingu e do Brasil ao dar destaque a uma indígena que vem atuando constantemente em redes sociais com objetivo único de ofender e desmoralizar as lideranças e o movimento indígena do Brasil”, diz o texto.

Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), disse ao Estado que Ysani não tem representatividade sobre o que querem os indígenas brasileiros. Guajajara foi candidata a vice-presidente em 2018 na chapa de Guilherme Boulos (PSOL). “(Bolsonaro) traz uma pessoa com ele; se nos mobilizamos, trazemos 4 mil. Ter um índio com ele não quer dizer que tem respaldo dos indígenas. Porque não tem”, disse.

Presidente está ‘animado’ com discurso na Assembleia-Geral da ONU

Segundo auxiliares que acompanham os preparativos para a viagem a Nova York, o presidente está “animado” com a oportunidade de defender, no discurso de abertura do evento, a sua versão sobre os incêndios na Amazônia e a política sobre meio ambiente do governo. A comitiva do presidente partirá de Brasília durante a manhã do próximo dia 23. O presidente deve discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, no dia 24. O retorno ao Brasil será no próxima quarta-feira, 25.

Estado publicou que Bolsonaro deve aproveitar o discurso para enviar “recados” à comunidade internacional. A previsão é de que Bolsonaro repita que o governo não tolera crimes ambientais, defenda a soberania no País mostre dados para reforçar que as queimadas estão na média de anos anteriores. O discurso ainda deve sugerir que há “má vontade” de outros países com a sua gestão.

O Planalto não confirma os nomes que irão a Nova York. O Estado apurou que devem viajar aos EUA a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, do Meio Ambiente, Ricardo Salles; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Além deles, o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten; o médico da Presidência, Ricardo Camarinha; o assessor para assuntos internacionais, Filipe Martins; o chefe da assessoria especial, Célio Júnior e o diplomata Carlos França.

Ainda participam da delegação os presidentes das comissões de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e virtual indicado ao cargo de Embaixador do Brasil nos EUA, e do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS).

O Itamaraty confirma que o governo pediu de credenciamento na delegação brasileira de aliados de Juan Guaidó, um dos líderes da oposição na Venezuela. “Essa medida excepcional foi tomada como forma de assegurar a devida representação na ONU, que aceita apenas nomes indicados pelo regime ditatorial de Caracas”, afirma a pasta.

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