“…os dois lados devem ser punidos pelo crime” afirma MPF sobre confronto entre indígenas e fazendeiros

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Foto: (Marcos Morandi, Midiamax)

O MPF (Ministério Público Federal) defende a responsabilização de índios e fazendeiros envolvidos no confronto com cinco feridos, ocorrido na última sexta-feira (3) nas imediações da reserva indígena de Dourados, município distante 235 quilômetros de Campo Grande. Ainda em investigação, o caso aponta como feridos um segurança de proprietário rural e quatro guaranis-kaiowas, sendo um dos casos o de um menino de 12 anos que perdeu os dedos com a explosão acidental de uma granada.

De acordo com o procurador Marco Antônio Delfino de Almeida, os dois lados devem ser punidos pelo crime. “Preliminarmente, o MPF entende que o monopólio da força é do Estado e que os envolvidos (indígenas e fazendeiros) devem ser responsabilizados, na medida de sua atuação no conflito”.

Apesar das cinco vítimas apuradas pela reportagem do Campo Grande News, o MPF afirma que o confronto resultou em três feridos. Estas vítimas devem passar por exame de corpo de delito ainda nesta terça-feira. A coleta de depoimentos pela Polícia Federal também será feita a partir de hoje. Perícia dos vídeos do conflito fundiário será feita para verificação de autenticidade.

Na ocasião, ficaram feridos durante a troca de tiros os índios Modesto Fernandes, 47, Gabriel Vasque e Paulo Gonçalves Rolim. Modesto e Paulo levaram tiros no rosto e no peito, enquanto Gabriel foi ferido na perna. Também ficou ferido o segurança Wagner André Carvalho, 31, atingido com tiro no tórax.

Também é investigado caso de menino de 12 anos que perdeu dedos da mão esquerda ao manipular uma granada usada pela polícia e encontrada em local de conflito entre índios e seguranças de sitiantes.

Familiar do menino relatou a viagem do Campo Grande News relatou que a criança achou a granada na estrada e levou escondido para a casa. Na sequência, o menino cortou o artefato, acendeu um isqueiro e teve três dedos da mão esquerda decepados na explosão. Ele foi levado para o Hospital da Vida.

Grupos indígenas vindos de várias partes de Mato Grosso do Sul estão acampados nos arredores dos sítios desde outubro de 2018. Eles reivindicam a inclusão das terras na reserva de Dourados, criada em 1917.

Pouco espaço, muita gente – Conflitos na região se intensificaram desde 2016, quando a presidente Dilma Roussef foi tirada da presidência. Com receio de ter os processos de demarcação paralisados com o novo governo, os indígenas voltaram a tentar ocupar áreas onde estão localizadas propriedades rurais.

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do País, são cerca de 70 mil pessoas de diversas etnias. A maior parte é de guarani-kaiowás, mais de 40 mil. Boa parte está em Dourados, na reserva indígena formada pelas aldeias Jaguapiru e Bororó. De alta densidade demográfica, os 3,6 mil hectares, constituídos por volta de 1920, abrigam mais de 13 mil pessoas. Para estudiosos, a situação é de verdadeiro confinamento humano.

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