Uma mulher da etnia Xavante é a primeira pessoa indígena a testar positivo para o novo coronavírus no estado do Mato Grosso, segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Ministério da Saúde. Portadora de uma doença renal crônica, desde 2015 ela faz tratamento de hemodiálise e está internada na Casa de Apoio a Saúde Indígena (Casai), em Barra do Garças.
Nesses últimos anos, a indígena Xavante, que não teve o nome revelado, não retornou a sua aldeia, que fica na Terra Indígena Sangradouro/Volta Grande, na região leste do estado. Daí a suspeita de que ela foi infectada pelo vírus na Casai.
O Dsei Xavante informou nesta quinta-feira (14) que o estado de saúde da mulher “é estável”. “Ela encontra-se no isolamento respiratório da Unidade de Pronto Atendimento de Barra do Garças”, diz nota do distrito.
O órgão anunciou medidas para prevenir a disseminação do vírus na Casa de Apoio a Saúde Indígena. “A Casai terá seus ambientes higienizados e desinfetados pelo Corpo de Bombeiros. Os pacientes internos da Casai, bem como todos os seus profissionais, passaram a ser monitorados a partir desta data”, reiterou a nota oficial do Dsei, ligado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que não divulgou o total de pacientes internados na unidade.
Os Xavantes são a terceira população indígena do país mais vulnerável à pandemia do coronavírus, segundo diagnóstico“Análise de Vulnerabilidade Demográfica e Infraestrutural das Terras Indígenas à Convid-19”, da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP). Com mais de 22 mil pessoas, a etnia se autodenomina de A’uwe, que na língua Jê significa gente.
O município de Barra do Garças tem 38 pessoas infectadas pela Covid-19, conforme Boletim Epidemiológico do Governo do Mato Grosso divulgado nesta quarta (13). No estado já são 673 casos confirmados da doença e 24 mortes.
Em sua estatística, a Sesai ainda não considerou o caso positivo para Covid-19 na indígena Xavante. Dessa forma, o boletim aponta que não há registro de coronavírus entre os povos no Mato Grosso.
No entanto, as entidades indígenas alegam que existe uma subnotificação dos números da Sesai, já que os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) não contabilizam os indígenas que morrem na cidade pela doença.
A Sesai atua em 34 Dseis que atendem uma população de 800 mil indígenas. Na Amazônia Legal, são 25 distritos para 433.363 pessoas.
O Dsei Xavante diz que atende 21.433 indígenas desse povo em 317 aldeias. O distrito conta com 32 Unidade Básica de Saúde Indígena, seis Polo Base e duas Casas de Apoio a Saúde Indígena.